Epidemia de cesárea e violência obstétrica

 

O Brasil é o segundo país com maior taxa de partos cesárea (55%) perdendo apenas para República Dominicana (58%). Para simples comparação: Europa tem 25% e EUA aparece com 32% dos partos sendo cesariano.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o recomendado é que a taxa de partos cesarianos não ultrapasse os 15%. A situação do Brasil é tão alarmante que o caso é tratado como uma epidemia. O que preocupa a federação brasileira de associações de ginecologia e obstetrícia (febrasgo) é a falta de diálogo em torno da eficácia do parto cesáreo perante o parto natural.

Para o obstetra Jorge Rezende Filho, a formação dos médicos, atualmente, dá ênfase a realização de cesarianas e forma profissionais com poucas habilidades com parto normal. Ele completa sua fala dizendo que o parto cesáreo atingiu um nível técnico excelente aqui no Brasil, e que esse é também um dos motivos para a crescente taxa de partos cesariano.

Segundo a resolução 2144/2016 do Conselho Federal de Medicina (CFM) a parturiente só pode optar pelo parto cesáreo quando atingir a 39ª semana de gestação, evitando assim, problemas de não-maturidade do bebê. A paciente deve ainda assinar um termo de consentimento livre e esclarecido registrando a opção por esse parto.


Quando o parto cesariano é realmente indicado?

A cesárea pode ser imprescindível para resguardar a vida da mãe ou a vida do bebê em determinadas situações, principalmente de emergência. Geralmente é indicado quando a mãe ou o bebê estão correndo risco de vida, sendo necessário adiantar o processo de nascimento da criança.

Riscos do parto cesariano

Os riscos são: embolia pulmonar, hemorragia, infecções, trombose, aderência de alças intestinais e bexiga no útero e lesões na bexiga durante o procedimento.

Vantagens do parto normal

O parto natural tem diversas vantagens tanto para as parturientes quanto para os bebês. Para as mães destacam-se o menor risco de infecções, tempo de internação é reduzido (geralmente 48 horas), há um menor risco com complicações anestésicas, o útero retorna ao tamanho natural muito mais rápido e o tempo de recuperação é menor quando comparado com o parto cesariano.

Já para os bebês, as vantagens são uma maior tranquilidade e aceitação ao toque e facilidade acrescida para respirar, já que no parto normal o bebê tem seu tórax comprimido, fazendo com que os líquidos do interior do pulmão sejam expelidos naturalmente.

 

Além da falta de prática dos atuais médicos para realizar partos naturais, os hospitais particulares os estimulam para que esse procedimento seja tido como padrão, já que as empresas prestadoras de saúde cobram mais caro por um parto cesáreo e a duração deste procedimento é inferior face o parto normal. Ocorre então uma otimização de tempo e um lucro maior para os hospitais. Essas situações fazem com que obstetras induzam suas pacientes a realizar o parto cesariano.

Violência Obstétrica

A violência obstétrica consiste em abusos sofridos por mulheres que procuram serviços de saúde antes, durante e após o parto. Podemos citar como exemplo os maus tratos físicos ou psicológicos e a realização de procedimentos desnecessários.

 O grupo “Cesárea? Não, obrigada!” surgiu para dar voz as mulheres que sofrem violência obstétrica. Micaela Fernandez é uma das integrantes do grupo e relata o episódio de violência que ela passou: “minha gravidez sempre foi saudável e eu queria muito ter um parto vaginal, mas estava previsto para as mesmas datas que a copa do mundo (realizada no Brasil em 2014) e minha obstetra insistiu que seria difícil conseguir uma anestesista, caso fosse necessário. Segundo ela, o melhor seria programar uma cesárea”.

 

Uma das maneiras de reverter essa situação de crescente números de parto cesárea seria aumentar a fiscalização de órgãos responsáveis e grave punição aos médicos e hospitais envolvidos em casos de violência obstétrica. Em países onde a taxa de parto cesárea é baixa, quem realiza os partos cesarianos são as enfermeiras obstétricas, evitando possíveis intervenções dos médicos que venha a violar suas pacientes.

Se você foi/é vítima de violência obstétrica denuncie entrando em contato com a ouvidoria do hospital onde ocorreu tal violência. Procure também denunciar diretamente na secretaria estadual e municipal de saúde.

Procure um obstetra de sua confiança e fale sobre esses assuntos com ele. Coloque sua vontade, se assim for, em ter um parto natural como prioridade.  

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